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quarta-feira, 31 de março de 2010

A SEMENTE QUE CAIU ...

NORTE DE BURKINA – MARÇO 2010 – A SEMENTE QUE CAIU...

´´.... A semente é a palavra de Deus...a que caiu `a beira do caminho são os que ouviram; vem a seguir; o diabo e arrebata –lhes do coração a palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvas. ... que caiu sobre as pedras são os que ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não tem raiz, crêem apenas por algum tempo e , na hora da provação, se desviam. A que caiu entre espinhos são os que ouvem e , no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; seus frutos não chegam a amadurecer. A que Caiu na boa terra são os que tendo ouvido de bom coração, retêm a palavra;estes frutificam com perseverança. Lucas 8:11-15


Graça e Paz do Senhor aos amigos e amantes de missões. Quero agradecer a cada um que respondeu minha carta enviando-me palavras de encorajamento por e-mails e orações aos céus de joelhos. Cada vez que sento e escrevo algo tenho em mente o significado da palavra carta (bataaki) em fulfulde que vem da raiz do verbo aproximar (bataade). Não é tão simples resumir tudo que acontece aqui com uma cultura totalmente voltada para o misticismo, lendas, islamismo folclórico, esoterismo e outros ´´ismos´´ infinitos que existem aqui, que são completamente diferente de nossa vida no Brasil e contextos os quais será esta carta lida, com exceção da Semente e os solos os quais Jesus nos mostrou na parábola do semeador que prefiro chamar de Parábola dos solos. Ela resume bem o que tem acontecido nestes últimos dias aqui com os indivíduos que temos trabalhado.

1- fulanis da beira do caminho – Dembo é um belo exemplo que se encaixa no que Jesus disse no texto de Lucas , enquanto estávamos estudando os fundamentos da salvação com o grupo de estudo que iniciei recentemente esse simples boiadeiro apareceu apenas para tomar chá, comer amendoim e servi de caminho para a palavra cair e satanás levar. Sua pergunta foi : como posso seguir a Deus de estomago vazio¿ os ouvintes (Hussein e Hamman) disseram numa só voz (Goonga) sig. É verdade. Eu parei a lição sobre a credibilidade e inspiração da Bíblia e respondi a Dembo dizendo que ele deveria buscar em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e as demais coisas seriam acrescentadas. Terminei oferecendo a ele um corte de cabelo quarta feira no dia do mercado em Djibo pois seu cabelo estava muito grande e estava impedindo que ele pensasse, esse corte de cabelo foi mais uma forma de falar uma verdade sem lhe insulta-lo na frente dos demais. O pássaro, mas uma vez levou a semente embora.

2- fulanis sobre as pedras – Boreima recebeu a palavra a anos, ganhou um trabalho como vigia na casa de um missionário. Um dia quando foi visitar seu pai em seu vilarejo local ficou sabendo que ele morreu e por seu filho ser Mopeere (cristão) não quiseram enterrar o pai (na cultura fulani o dia da morte é algo de muita importância) depois desta provação Boureima negou a fé e se desviou. O acontecimento se deu justamente no jejum de 30 dias que os mulçumanos fazem esse foi o inicio da sua nova via em direção ao sufocamento da palavra. Vale lembra que há dois anos atrás ele me encorajou a continuar evangelizando o povo dele através de uma carta que foi entregue no dia que em que estava retornando para o Brasil. Lamentei e perguntei onde estavam às raízes do meu amigo vigia¿

3- Fulanis entre espinhos – todos sabem que após a morte de Adama o ex - marabu que se converteu através de nosso ministério em 2007 fiquei convivendo com seu filho Amadou que ate o presente momento estava demonstrando um interesse pela palavra de Deus. Ele Ouviu mais os espinhos foram mais fortes, mês passado eu o coloquei para aprender uma profissão em Djibo, a qual lhe permitiria concertar pneus de bicicletas (um trabalho muito requisitado aqui devido a quantidade de espinhos do solo do norte de Burkina) assim ele teria algo para se manter durante o tempo que esperava a chuva para cultivar o milhet (grão pequeno parecido com alpiste) e logo após conseguir casar-se que é o sonho da maioria dos adolescentes de sua idade e viver uma vida como os demais de seu grupo étnico vivem. Pois que não tem uma mulher segundo os fulanis não tem luz. Três dias foi bastante para Amadou se envolver numa confusão que o levou para o Inferno Baixo (nome da prisão de Djibo) motivo foi ter brigado com um rapaz e depois junto com outro``amiguinho´´ ter ameaçado com uma faca a vitima. Foi julgado e ganhou dois meses na cadeia e terá que pagar uma quantia de 45 reais por danos morais.

4- fulanis da boa terra – quase choro quando escutei o Abdusalam orando a Deus da sua forma simples pedindo que Ele curasse sua esposa e desse força a ele para suportar a dor caso ela viesse morrer. Ele foi o primeiro convertido desde que cheguei entre os fulanis, ha duas semanas ele entrou pedindo ajuda pois sua esposa estava muito doente e havia feito um exame de sangue e de urina no hospital local e pegaria o resultado as 15 hs, recebemos os dois e mostramos o amor cristão cuidando de sua esposa que ainda não é cristã. Por ser semi nômade é difícil acompanhar o simples Boiadeiro, todavia toda vez que nos encontramos oramos juntos, leio a bíblia para ele e pedimos que Deus de um filho para sua esposa tirando assim a maldição de não ter filhos que os fulanis assim nomeiam aos que são casados sem filhos. Só Deus mesmo para fazer o Abdusalam negar os bruxos e buscar ajuda com os médicos locais e oração pela cura em nome de Iisa Almasihu (Jesus Cristo) esses são frutos com perseverança.

MOTIVOS DE ORAÇÃO.


1 – Louve a Deus pelo ótimo andamento de nossa casa em Burow.


2 – Ore pelo pequeno grupo de estudo bíblico a qual viemos de começar.


3 – Por nossa saúde, recentemente devido os ventos com poeiras aqui houve uma campanha de vacinação contra a meningite, numa cidade ao lado sofre uma epidemia.

4 – Pela saúde de minha mãe que veio de terminar o tratamento de hanseníase.


5 – Agradeça ao pai pela boa adaptação de Mércia e o seu desenvolvimento no estudo da língua tribal. (Fulfulde) que Deus dê graça para que ela vença essa etapa.


6- Para que o conhecimento do Senhor seja espalhado como a poeira que tem aqui.

Cristiano e Elimércia

sábado, 27 de março de 2010

SIGA AS ETAPAS DE NOSSA CASA EM BUROW


1º analizamos o local e pedimos permissao ao prefeito

2ª - a fabricaçao dos tijolos de argila


3º a construçao do Muro


4º - colocando o fundamento


5º Inicio do sonho



6º - Contagem dos 5 mil tijolos usados para a casa


7 º - levantando as paredes ao todo 5 pedreiros e 5 serventes.


8 º aproveitamos a agua do riozinho proximo para fazer a obra



9º - Local para a Janela da sala 70 cm por 80 cm



10º - Modelo para o teto sem madeira


11 º Teto visto de dentro e de fora


12º visao global da casa a partir do teto


Frente da Casa


Começo da casa redonda sem madeira tambem


Teremos duas casas redonda
uma para Hospedes e outra para cultos


Ultimo Teto


Quase Pronta!

continua.....






terça-feira, 23 de março de 2010

Doohude o Cantico dos fulanis Kelli

Do’o Hude

O Cântico dos Fulanis Kelli


Final de semana em Djibo foi marcado pelo 2º Festival de Do’o Hude. Grupos de pastores semi-nômades de vários vilarejos vieram para mostrar um pouco de sua tradição através da musica. Na verdade são sons que misturado com as palmas que as mulheres fazem, tornam-se agradáveis aos ouvidos dos fulanis e turistas curiosos. Logo que um fulani toma bastante leite e esta satisfeito, ele começa emitir um som com a garganta, isso é Do’o Hude.




Ao todo 8 grupos participaram, e segundo os critérios do Ministério das Artes de Burkina, foram julgados, e os vencedores estão na foto em anexo. O grupo vencedor ganhou 100.000Fc, equivalente a R$ 410,00, o responsável do grupo ganhador ficou tão contente que ficou desorientado, sem saber o que fazer e nem para onde ir, pois para um simples boiadeiro essa quantia é enorme, sobre tudo ganhar tudo isso só por causa do Do’o Hude, é algo que não dá pra eles entenderem.

O destaque deste 2º Festival foi as crianças da Escola Publica que foram vestidas e ensinadas a musica típica como dos adultos. (foto em anexo).

Ser fulani é mais que ter vacas e beber o leite, mas sim cantar após estar satisfeito com a vida que levam. (semi-nômades).

Cristiano Carneiro

norte de Burkina






sábado, 20 de março de 2010








SERRA PELADA EM PLENA AFRICA

Ouro `e amarelo mais nao se ganha de chinelo. Poderia ter que combinasse mais com a pobreza que o ouro, o contraste `e gritante e o poder brilha nos olhos dos pastores semi nomades do norte de Burkina. Criancas, mulheres e velhos devem esperar inquietas no vilarejo, pensando sera que ele voltara? Quantos dias mais durara esta busca cega pelo dinheiro? Nesse pequeno texto desejo mostrar a situacao recente de centenas de fulanis que deixam tudo por uma corrida enfreada em busca do Ouro.

O perigo esta mais embaixo.

Os buracos onde os homens descem sao profundos chegando a 40 metros. Para encontrar Kane (Ouro) os fulanis se submetem a perigos diversos tais como:

Falta de material e equipamentos apropriados.

Alimentacao inapropriada.

Produtos toxicos

Brigas internas entre os trabalhadores

etc . . .

Mesmo com todos os perigos a palavra que mais se ouve e Hiilaka quem em fulfulde significa ''eu nao estou nem ai'' , contando que eu ganhe dinheiro para mim e minha familia eu nao me importo com as conseguencias do meu trabalho afirma o jovem fulani de 25 anos.

O uso de dinamite e comum nas cavacoes e o numero de pessoas que se ferem devido a falta de conhecimento apropriado do uso da dinamite `e triste. As vezes pela ganancia mesmo nos horarios de descanso existe pessoas que entram para trabalhar neste exato momento os chefes detonam a dinamite e quem tiver dentro sera soterrado.

O Jornal Sidwaya edicao novembro.2006 , publicou na pag.12 a morte de dois trabalhadores que foram encotrados num matagal nas aproximidade de Piela uma vila ao sul do Pais. A caso foi averiguado e a causa da morte foi o Ouro que devia ser transportado num estrada perigosa e conhecida pelos assaltantes.

Elgal mangal Bassal Mangal - grande cobica grande problema - Prov. Fulani

Jawdi `e a palavra em fulfulde para bens,riqueza material. Ao mesmo tempo se usa Jawdi para as ovelhas, trabalho comum e costumeiro dos fulanis. Sera a substituicao de Jawdi por Ouro trara um problema no futuro? Ate onde a Ganancia levara os pastores? Isso so o tempo nos respondera, uma coisa sabemos que o brilho do Ouro tem amarrado muitas mentes e feito pessoas tomarem decisoes que as vezes lhe custam a vida.

Testemunhos da busca pelo Ouro.

Hamam `e um escravo dos antigos fulanis, atualmente trabalha como vigilante e comerciante de ovelhas no mercado Publico de Djibo. Depois de trabalhar mais de dois anos nas minas de Ouro voltou para casa como as maos vazias e uma doenca no dedo direito a qual adquiriu de tanto cavar. Seu dedo foi danificado de forma que ate hoje nao foi totalmente curado.

Segundo Hamam quando ele ve alguem que deseja ir para as minas atras do Ouro, doe no seu coracao so em pensar o que o individuo vai passar por tudo aquilo que ele passou. Mais nao quero desanimar o individuo pois no coracao eles estao decididos a ganhar o ouro e minhas palavras nao sao uteis naquele momento.

Eu prefiro continuar aqui com o trabalho no mercado de animais mesmo que nao ganhe uma moto (frase que os cassadores do ouro usam para quem ganha uma moto no cavando nas minas) mais aqui tenho paz e sei que nao vou sofrer com os desgastes do trabalho forcado e duro.

Outro jovem fulani retornou de BOBO (ver no mapa anexo) e com vergonha so conseguiu o dinheiro de volta e o resto comperou um chinelo. Durante o tempo que todo mundo cultivava o campo de MILHET o jovem foi levado pela ganancia e cobica. Ao retornar encontrou sua mae doente e nao pode fazer nada, pois o dinheiro do seu sonho foi pelos ares assim como a fumaca das dinamites que sao ultilizadas nas minas.

Mais nao quero so passar a imagem dificil do trabalho nas minas, no interior do Pais existe muitos fulanis que moram num casa de palha mais do lado de fora esta a sua moto, em fulfuflde chamada de Puccu Jamdi (cavalo de ferro) esse `e o sonho de consumo da maioria dos jovens que vivem no interior do pais. muitos realizam o sonho mais nao por muito tempo pois compram motos que nao vem com o comprovante de compra. Assim quando os mesmo vao para a grande vila a policia prende seus cavalos de Ferro.

O Controle sobre os bens materias nao impede a ignorancia dos probres fulanis.

Uma alegria momentanea que em breve pode ser estragada pela Policia local ou uma doenca terminal devido o mal funcioanamento do garimpo.

O Salario do Pecado (Cobica) `e a Morte. Rm 3:23

Por Cristiano Carneiro

sexta-feira, 5 de março de 2010

O Fruto da Paciencia



Asalam Aleikum – Sobre todos estejam a paz!

Norte de Burkina – Fevereiro 2010

“Paciência é tudo que resta do homem quando suas forças acabam´´

– Paate Dicko

O Fruto da paciência é algo que martelou minha cabeça durante esse período de transição (i.e deixar a capital e ir para o interior) , o combustível que movimenta o vento quente que trás o verão, o calcanhar com rasgão e minha moto que por vezes encontra-se sem solução, se chama Paciência. Foi animador ver o segundo óculos que ganhei apenas por esperar durante dois meses que ele fosse feito na ótica local, o óculos foi enviado para França, voltou, foi de novo, voltou e nada, isso levou um par de dias, ate que depois de tudo ele veio, errado, a lente que deveria ser escura veio azul. Bom, pensei: que coisa esperei tanto! Mas depois eles mandaram fazer de novo, e as primeiras lentes azuis ficaram para a armação do meu óculos de uso diário, vindo ficar com dois óculos, melhor ainda foi quando perguntei se precisava pagar pelas lentes erradas, os Moussis (povo maioria em Ouaga) disseram não, isso é um presente por você ter sido paciente conosco não dizendo nada nem nos xingando. Pedi perdão a Deus na mesma hora e agradeci por ter fechado minha boca e suportado calado e com os olhos vermelhos da poeira que peguei os dois meses sem óculos de sol.

Nem sempre ganhamos o fruto que pensamos, no caso dos tijolos de minha casa em Burow, tiveram que começar tudo novamente por que o local que estavam pisando os tijolos continha um barro fraco (Argila) que depois de seca os tijolos se quebravam com facilidade. Isso significou adiar a construção da casa por mais uns dias e aumentar o preço dos tijolos que passaram a ser mais caros que os primeiros, pois tínhamos água abundante no local. Se me perguntassem hoje quais as qualidades para um missionário eu diria: Paciência, Paciência e ainda paciência. Os africanos dizem aqui que rápido mesmo só o nascimento e a morte. As demais coisas todas levam tempo, mais eu pensando na frase vi que ate para nascer leva tempo e tem gente que esta para morrer ate hoje e não morre. Essa foi só para descontrair e introduzir o segundo assunto da carta que se chama:

Entre Vacas, Charlatões e Livros. Reiniciamos o evangelismo massivo em Djibo ate que a minha casa seja terminada em Burow, cada vez que sento-me e fico vendo os pastores nômades puxando a corda da ovelha que será vendida no mercado, penso que é assim que Satanás puxa os fulanis para a perdição, engano,ruindade e crueldades que os mesmo praticam. Logo uma força provinda da Cruz de Cristo me impulsiona a proclamar com ajuda de cassetes e imagens a Kibaaru Lobbo (Boas novas). Desta vez o retorno foi bem mais ousado, pois fui para a boca do Mercado de animais, hurum hurum e muum muum são os barulhos que ouço enquanto sentado compartilho sobre a fé cristã. Hurum , hurum da parte dos charlatões que vendem remédio para picada de cobra, gravidez,picada de escorpião,impotência,casamento falido, malaria, má digestão, etc... Esses são os ´´coleginhas´´ que se opõem a Cristo, e seu conhecimento que os fulanis tanto precisam. Tem um que colocou uma boneca que dança com umas pilhas e um chifre de boi com a boca de jacaré, crendo que assombrara os clientes e assim eles comprariam seus produtos (pois o povo não faz idéia de como é que aquela boneca se mexe), eu fico rindo e ao mesmo tempo triste oro a Deus que liberte esse povo de tão grande engano. Por outro lado os moom... moom... São das vaquinhas que estão sendo negociadas por um baixo preço pois o verão se aproxima e não terá pasto para as pobrezinhas comerem que resultara na morte de varias durante o período de seca (Março,Abril,Maio,Junho,Julho e Agosto) quase o ano todo(risos), na vez passada uma ficou sentada do meu lado pois estava fraca, outro jumento estava em pé olhando as imagens de repente eu disse: Ai quem dera o povo soubesse reconhecer a voz do seu Senhor como esses animais, pedi que olhassem para o burro ao lado que estava parado e quieto, enquanto vários deles estavam sendo distraídos pelos enganadores ou afazeres do mundo. Não sei se foi um bom exemplo mais na hora foi o que eu disse; como ninguém atirou pedra, continuei ate que o vento com poeira se ergueu e pôs fim ao evangelismo que já estava com 2 horas e meia de tempo.

Quero terminar pedindo oração por todos que estão em contato conosco, que Deus salve este povo e mude-os trazendo-os das trevas para sua maravilhosa luz. Também orem por nosso sustento que mais uma vez teve uma oscilação durante os meses de Janeiro e Fevereiro. Agradeço a cada um que continua conosco segurando as cordas dessa grande Obra.

Cristiano e Elimércia

Missionários Falam Outra Língua ?


- De naasara a missionários. O desafio do aprendizado de línguas no Sahel.

“Sem duvidas, há diversos idiomas no mundo; Todavia, nenhum deles é sem sentido. Portanto, se eu não entender o significado do que alguém esta falando, serei estrangeiro para quem fala, e ele estrangeiro para mim” (ICo 14:10,11)

Os textos bíblicos chamaram-me atenção e rearfimaram as convicções do que tenho visto aqui no Sahel Africano. Existem níveis no processo de culturação que o missionário deve passar, quando um novato chega no Oeste Africano, todos já sabem o seu primeiro nome: Naasara ou tuubabi mesmo que o obreiro chegue falando francês é inevitável ser taxado desses nomes que alguns detestam, outros brigam com nativos por causa do apelido pouco conveniente que as crianças correm atrás do novato dizendo:

- Naasara ça va!

-Tuubabi cadeaux!

-Naasara, naasara donnez moi Ballon !

- etc.

Quem já esteve aqui entenderá bem o que estou escrevendo, no começo parece divertido, legal, todos sabem meu ‘nome’ Naasara. Mais, o que significa Naasara¿ Logo um missionário desinformado que não entende nada da cultura por não falar a língua responde para o novato: Naasara quer dizer ‘O Branco’, não sei quem disse essa falácia ao individuo, mas o novato voando e tirando foto de tudo começa a aceitar tudo o que os desinformados lhe dizem, o certo seria saber mais, como Paulo disse em Corintios 14:10 “Nenhum deles é sem sentido...”

Segundo Hampate Bá, mestre, escritor, contador de historias e um fulani culto que marcou a historia africana oral, Naasara significa “crente”(cristão), já o termo tuubabi em árabe quer dizer ‘médico’.

Como na época da colonização os europeus que chegavam eram ‘cristãos’ ou ‘médicos’ os africanos perpetuaram esses termos para todo estrangeiro que vem da Europa, detalhe é que mesmo os demais países da terra as vezes são considerados como Europa por alguns que vivem aqui.

Uma vez esclarecido os termos, a missão agora é avançar, mergulhar na língua e cultura, nessa estrutura complicada que nos faz mal ou bem, sucedidos no campo. O progresso de deixar de ser um naasara e tornars-se missionário é doloroso e longo, deve-se dizer que a figura do naasara esta vinculado a do colonizador que impõe ou dá ordenes e deve ser chamado de ‘patron’(patrão), como uma fulani me disse um dia: Tuuakube ngalla buudi koy, kambe ngoodi mazin buudi. (Os estrangeiros não tem dinheiro, eles tem é uma maquina de dinheiro), quando perguntei: onde está minha máquina, então¿ Ele disse o caixa eletrônico de Ouagadougou é uma maquina de dinheiro, pois vocês passam um papel e sai vários coloridos, olhem só a cosmo visão desse fulani quando o assunto é branco.

Logo cabe ao enviado de Deus progredir nessa escada entre naasara e missionário, e quanto mais rápido ele se convencer que o estudo da língua é importante, mais rápido a máscara tuubática cairá de seu rosto.

- Todos se Calam Quando Você Fala a Língua do Povo

Quando ouviram que lhes falava em hebraico, ficaram em absoluto silencio”(At 22:01)

O padeiro aprende a linguagem do seu ramo, o costureiro a mesma coisa, complexo ainda é a anatomia que o médico fala e descreve o corpo humano e seus problemas, para nós isso parece um outro idioma.

Cada um com sua função, mas e o enviado¿ Ele aprende línguas sua vida muda de Babel pra Pentecostes quando o mesmo entendo o propósito de Deus. Não se trata de um mérito falar vários idiomas, nem questão de inteligência como muitos pensam, mas se tratando de trazer pessoas das trevas para a luz isso é muito mais serio. Mudar indivíduos do poder de satanás para o domínio de Cristo, ufa! É uma tarefa em tanto, uma língua é só o primeiro palito da grande fogueira que acontece quando estamos na Janela 10.40.

As zombarias, os preços exorbitantes que os nativos cobram do estrangeiro desaparecem quando ele fala a dita língua tribal. No caso de Paulo em Atos 22:01 foi em defesa própria que ele comunicou em hebraico e o povo com as mãos na boca escutaram tranquilamente todo o discurso, até não suportarem mais. Um dos meus heróis favoritos,depois de Jesus e Paulo, cometeu um erro em sua carreira entre os índios americanos, David Brainerd não falava o idioma, mas sempre sobreviveu e sofreu com seus tradutores que por vezes eram bêbados, fúteis e sem interesse pela salvação dos pagãos (segundo relato de Jonatha Edward na biografia da vida de D. Brainerd)

Como latino sei que devemos mostrar resultados para as igrejas enviadoras, nessa precipitação muitos caem na armadilha de colocarem tradutores para rapidamente conseguirem almas salvas, colégios plantados e fotos lindas para o mural de domingo ou de sua junta denominacional. É muito mais fácil trilharmos esse caminho cheio de enganos, pois nunca se sabe o que o individuo esta traduzindo ou interpretando, levando assim a ter um trabalho ‘glorioso’ fundando sobre o principio enganoso.

No caso das missões de curto prazo ou de ajuda humanitária como as que são feitas em Dar Fur ou atualmente no Haiti, tornam-se exceção a regra do longo e duro aprendizado.

Níveis de Estrangeiro em Relação a Língua

Paulo termina o texto de I Corintios 14:10,11 afirmando que uma pessoa pode viver anos num lugar e sempre ser estrangeiro. Acontece às vezes que mesmo quem comunica na língua tribal é um eterno estrangeiro, pois não vestiu a mensagem que prega segundo o que o povo entende.

Quando existe a língua do país colonizador que geralmente é adotada pelo povo como o idioma do país, o caso é ainda mais complicado.

Começando por Guiné-Bissal que foi colonizado por Portugal, logo um brasileiro que é mal informado, vai pra lá pensando que todos compreendem português estará enganado e será frustrado, pois à maioria da população fala seu próprio dialeto, o crioulo.

No caso de Burkina-Faso, Níger, Mali, Senegal que são os países que conheço o francês não só é criticado como por alguns é tido como o idioma do inferno, pois foram os colonizadores que dividiram a ‘Mama-Africa’ e colocaram fronteiras. Com o passar do tempo o enviado se dá conta que o francês não fará sentido algum quando ele estiver na tribo, pelo contrario, poderá lhe fazer estancar no estudo do dialeto local, pois uma vez que o mensageiro fala o francês, ele se acomoda no degrau, não ser estrangeiro para o povo mais o povo é estranho para ele.

A longo termo será um choque para o missionário que ficou anos e anos e não sabe a língua do povo, a frustração aumenta a medida que seu trabalho demanda a fluência e praticidade na comunicação transcultural.

Para a organização ‘Corpos da Paz’(voluntários dos Estados Unidos) que trabalham aqui a única coisa que os desclassificam e fazem voltar para E.U.A. é não dominar a língua do povo. Fui tocado com esses jovens que são de nível universitário e que mesmo sem serem cristãos ou missionários como no caso de muitos que lêem esse artigo, eles falam, comem e vivem como o povo durante dois anos de suas vidas, logo após terminarem a faculdade. No caso tudo depende da força de vontade e disposição para mudar.

Conclusão

Existem os que são dedicados, disciplinados, metódicos e cheios do Espírito para vencerem línguas como mandarim, árabe, hindi, fulfulde e outras línguas que não conhecemos neste mundo tão diversificado o qual rendemos glória a Deus por tão grande mistura e beleza no som, expressão e enigmas intrigantes que encontramos em tais línguas.

Citando Hampate Ba termino aqui:

‘Enquanto não estivermos seguros que não sabemos a língua, nunca aprenderemos a língua.”

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